Deixa eu te contar uma coisa. Gravidez e carreira não é um desafio só para quem está no mundo corporativo.
Há 03 anos quando me aprofundei no universo das startups percebi que existe um dado que ninguém está contabilizando. A de fundadoras e CEOS que escondem a gravidez durante rodadas de investimento, fusões e aquisições.
As histórias chegam em mim de um jeito aflito: Dani, não posso falar nessa fase não sei como o investidor reagiria. A equipe achou melhor esconder, mas estou engasgada me sentindo uma fraude e não honrando a felicidade que cresce em mim. Estou errada?
O que responder nessa hora? Eu acolho, abraço e deixo meus canais de comunicação à disposição. Informo que qualquer que seja a decisão tem meu apoio. Mas, convido a pensar que ao esconder por medo atrasamos uma transformação que precisa acontecer.
Segundo a pesquisa da FGV, 48% das mulheres são demitidas após a licença maternidade. E segundo o IBGE nascem 320 crianças por hora no Brasil e é um segmento que fatura 50 bilhões de reais por ano. O que é uma paradoxo retirar do "jogo"quem precisa consumir quase 3 vezes o que consumia antes da maternidade. Sobre o impacto emocional sobre isso falaremos em um outro momento.
O medo dessas mulheres serem demitidas ou sofrer ao ter que informar a empresa sobre a gravidez está bem clara. Mas, o que impede as empreendedoras principalmente de startups que normalmente precisam de investimento para escalar?
De acordo com a pesquisa feita Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a MassChallenge - rede de aceleradoras norte-americana que oferece mentoria e recursos para startups, as fundadas por mulheres recebem muito menos investimento que as criadas por homens mesmo dando um retorno maior em receita no longo prazo. O BCG observou que as empresas delas recebem em média, US$ 935 mil em investimentos. Enquanto isso, as companhias fundadas por homens receberam US$ 2,1 milhões, em média, em aportes de capital de risco.
Esse desequilíbrio existe por vários fatores, como menos mulheres na área de tecnologia levando a sim menos startups fundadas por elas. Mas quero colocar uma luz no ecossistema que estou onde vejo sim empresas escaláveis, que resolvem um problema real e algumas já em tração com muito mais dificuldade em encontrar linhas de investimento no formato "normal". Por isso vejo tantos movimentos de linhas de créditos e fundos se formando somente para fomentar negócios fundados por mulheres. Recortar ainda é preciso e muito.
E quando uma delas consegue os primeiros processos para as rodadas gravidez vem com um recado de que logo nesse momento "full life"que a CEO precisa estar presente, ela tenha que reorganizar suas prioridades. Deixa eu contar uma coisa sobre a maternidade para ver se entra em alguma sinapse aí:
1) Se crianças não nascem seu dinheiro não faz sentido (acabou o mundo ok?);
2) A mãe não é a única pessoa responsável por criar uma criança. Durante a amamentação essa dependência é mais evidente, mas a primeira coisa que aprendemos é desenvolver uma rede de apoio. E pasme, você pode ser uma dessas pessoas;
3) Estamos no nosso estado mais criativo, mais produtivo, mais alerta, mais pleno embora o caos da primeira infância sim existe. Logo estamos fazendo um ser humano sobreviver;
4) Quem nos acolhe nessa fase com boa vontade ativa (que significa reorganizar agendas por exemplo) vai experimentar um senso de compromisso e gratidão nunca visto. Porque remetemos ao nosso filho esse carinho;
5) Estamos na quarta revolução industrial pelo amor de Deus, experimentando a nova economia onde os maiores unicórnios do país tem em seu modelo de negócio comunidade, colaboração e compartilhamento. Meu irmão, essas palavras estão em cada célula do nosso corpo.
6) Outra coisa relevante empresa é dela. Ela é a fundadora. Decidiu empreender no que ela sonhou e agora chegou uma aceleradora natural porque nossos filhos nos dão uma energia dobrada para lutar pelo que acreditamos.
E por fim, NUNCA SUBESTIME uma mulher que deseja ser um exemplo para seu filho. Se ela já era foda antes, segura agora. E ela não está mais sozinha. Somos metade da população do mundo e mãe da outra metade.
Minha, amiga se você está lendo isso e te brotou alguma coragem, ou embargou um nó por aí. Estou por aqui.
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