[Nota: contém trechos de ironia (e não leve nada pro pessoal hein!? mentes abertas fluem possibilidades!)]
Quem nunca foi incomodada com um queridão falando alto no telefone (falando é modéstia, berrando mesmo, com aquela voz bem “engrossada” pra ressaltar o quão importante ou imponente ele é!)!?
Dá um nervoso! Você se concentra, pega seu café, prepara e organiza sua mesa… ah! que delicinha, bora começar mais um dia de trabalho (seja em casa, no seu home office, ou no escritório, pra quem já voltou, como eu rs) – e então, quando você começa o raciocínio, vem aquele ‘berro másculo’ no telefone, que entra com uma potência no seu ouvido e pronto, já era… a planilha que ia começar, o raciocínio e a serenidade foram embora rs.
Gente, acho que já deu né?! Estamos em 2021.. quase 22… Bora rever esses padrões?!
Desde que me conheço por gente, no ambiente corporativo, é sempre isso, machismo escancarado, o simples fato de ser uma mulher na reunião, na apresentação, ou no telefone, já dá “brecha” pro cara do outro lado achar que sabe mais, que pode mais, que a opinião final vai ser sempre a dele.
Confesso que, eu inocente, ou blindada na verdade nos últimos anos, achava que não era mais assim, na verdade já não sentia mais isso – graças à pandemia, ao home office e à startup que trabalhei (que era conduzida por uma mulher, uma CEO incrível) – mas aí, voltando pra outra realidade rs, ao mercado imobiliário que tô hoje, e retomando à rotina do escritório, somado às conversas recentes que tive com diferentes grupos de amigas, pude notar o quão ainda tá impregnado na sociedade, no mundo corporativo, esse machismo estrutural, ultrapassado. Muitas vezes, gritante como a simples ligação do seu lado, e outras de forma sutil, que a gente mesmo acaba nem se dando conta – aquela reunião que você sempre tenta argumentar, mas que depois de tanto tentar expressar uma opinião frustrada, já não faz mais questão, então liga o botão do “prefiro ser feliz do que ter razão”, e aí entra num modo automático de blindagem (que às vezes é até necessário, pra poupar nossa saúde mental).
Eu cansei. De verdade.
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(suspiro…rs)
Mas pude resgatar forças. Refleti muito nos últimos dias de confinamento (sim, peguei covid pela 2a vez! E então foi uma jornada intensa novamente, de olhar pra dentro) – pude entender pequenos acontecimentos diários que vão me desgastando, e tirando as energias, as ideias, a parte criativa que é minha maior fonte de vida!
Por que achar que o falar grosso, o “brigar”, resolvem as coisas?
Por que não fazer o contrário – mostrar sua vulnerabilidade é lindo! – ninguém é perfeito! Colaboradores, parceiros, empresas, tudo isso é composto pelo maior bem comum – SERES HUMANOS! E quando esses seres humanos são levados à pressão, podem até entregar ali momentaneamente a tão sonhada meta que o mundo corporativo busca, mas com o passar do tempo, meu irmão, isso vai explodir! Uma hora a conta chega! O corpo reage. É uma gripe, uma crise, um infarto. Ou mesmo a não entrega… Ou mesmo a falha na comunicação, a equipe que não engaja e não consegue entrar na mesma sintonia – ou o casal, no sufoco do home office, afundado e perdido nesse aperto.
Até quando as empresas/pessoas/o mundo vai achar que na pressão é melhor?
Que o homem precisa ser essa máquina?
A pandemia veio pra tirar a gente desse modo insano automático. Se você não aprendeu nada com isso, de coração, eu sinto muito!
Tiago Iorc ‘bugou’ há um tempo atrás, se afastou da fama, de tudo e de todos, bem antes da pandemia, e voltou com uma música PHODA, incrível, que traduz muito tudo isso que eu senti. Finalizo esse texto/desabafo com a letra e o link do vídeo, pra você curtir/refletir.
(Obrigada por expressar tanto com sua arte, Tiago!)
Eu tava numa de ficar sumido
Dinheiro, fama, tudo resolvido
Fingi que não, mas, na verdade, eu ligo
Eu me achava mó legal
Queria ser uma unanimidade
Eu quis provar a minha virilidade
Eu duvidei da minha validade
Na insanidade virtual
Eu cuido pra não ser muito sensível
Homem não chora, homem isso e aquilo
Aprendi a ser indestrutível
Eu não sou real
Conversando com os meus amigos
Eu entendi que não é só comigo
Calar fragilidade é castigo
Eu sou real
Cuida, meu irmão
Do teu emocional
Cuida do que é real
Cuida, meu irmão
Do teu emocional
Cuida do que é real
Masculinidade frágil, coisa de menino
Eu fui profano e sexo é divino
Da minha intimidade, fui um assassino
Que merda!
Quando criança, era chamado de bicha
Como se fosse um xingamento
Que coisa mais esquisita
Aprendi que era errado ser sensível
Quanta inocência
Eu tive medo do meu feminino
Eu me tornei um homem reprimido
Meio sem alma, meio adormecido
Um ato fálico, autodestrutivo
No auge e me sentindo deprimido
Me vi traindo por ter me traído
Eu fui covarde, eu fui abusivo
Pensei ser forte, mas eu só fugi
E caí na pornografia
Essa porra só vicia
Te suga a alma, te esvazia
E quando vê passou o dia
E você pensa que devia
Ter outro corpo, outra pica
A ansiedade vem e fica
Caralho, isso não é vida!
Cuida, meu irmão
Do teu emocional
Cuida do que é real
Cuida, meu irmão
Do teu emocional
Cuida do que é real
Meu pai foi minha referência de homem forte
Trabalhador, generoso, decidido
Mas ele sempre teve dificuldade de falar
O pai do meu pai também não soube se expressar
Por esses homens é preciso chorar
E perdoar
Essa dor guardada
Até agora, enquanto escrevo
Me assombra se o que eu digo é o que eu devo
Um eco de medo
O que será que vão dizer?
O que será que vão pensar?
A rejeição ensina cedo
Seja bem bonzinho ou então vão te cancelar
Que complexo é esse?
Mamãe, é você?
Me iludi nessa imagem, tentei me esconder
Eu só posso ser esse Tiago
Cheio de virtude, cheio de estrago
Que afago crescer, aceitar
Ai, ai
Esse homem macho, machucado
Esse homem violento, homem violado
Homem sem amor, homem mal amado
Precisamos nos responsabilizar, meus amigos
A gente cria um mundo extremo e opressivo
Diz aí, se não estamos todos loucos
Por um abraço
Que cansaço!
Cuidado com o excesso de orgulho
Cuidado com o complexo de superioridade, mas
Cuidado com desculpa pra tudo
Cuidado com viver na eterna infantilidade
Cuidado com padrões radicais
Cuidado com absurdos normais
Cuidado com olhar só pro céu
E fechar o olho pro inferno que a gente mesmo é capaz
Cuida, meu irmão
Do teu emocional
Cuida do que é real
Cuida, meu irmão
Do teu emocional
Cuida do que é real
Minha alma é profunda e se afoga no raso
Minha alma é profunda e se afoga no raso
Minha alma é profunda e se afoga no raso
Eu fico zonzo, fico triste
Fico pouco, fico escroto
Eu sigo à risca o que é ser homem
Isso não existe, a vida insiste
O tempo todo que eu repense
O que é ser homem?
Há tantos e tantos
E tantos e tantos e tantos
Possíveis homens
(Homem real e não ideal)
Ser homem por querer se aprender, todo dia
Dominar a si mesmo
Apesar de qualquer fobia: Respeito
Tem que ter peito
Tem que ter culhão pra amar direito
Vou dizer que não?
Esperando sentado por salvação?
Conexão, empatia, verdade
Divino propósito: Responsabilidade
Deitar a cabeça no travesseiro e sentir paz
Por ter vivido um dia honesto
Ah!
Ser homem exige muito mais do que coragem
Muito mais do que masculinidade
Ser homem exige escolha, meu irmão
E aí?
Texto escrito por Karol Martins em 2021.
Karol Martins é B2Mamy Lover e conteudista da B2Mamy; Fundadora da Feira Criativa Mente, bacharel em Marketing, especialista em Comunicação com mais de 15 anos de experiência no mercado corporativo, atuando com planejamento estratégico e eventos de grande porte. Pós-graduada em Gestão de Negócios com ênfase em marketing pela ESPM, é também coautora do livro Uma Viagem para Empreender 2.
Conteúdo publicado em: https://blotecando.wordpress.com/2021/11/24/masculinidade-fragil/
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