Desvendando o Comer Emocional: quando a comida é mais do que comida

Sep 10 / Marcela Correa

Você já se pegou comendo sem fome? Ou percebeu que recorreu a um doce, um pão ou algo crocante como forma de acalmar um dia difícil? Isso é mais comum do que parece — e tem nome: comer emocional.

Antes de qualquer julgamento, é importante lembrar: o comer emocional é uma ferramenta fisiológica que o corpo utiliza para lidar com desconfortos e emoções difíceis. Comer pode ser uma forma de buscar alívio, prazer e acolhimento — especialmente quando outras estratégias não estão disponíveis.

Desde muito cedo, aprendemos que a comida está ligada ao afeto. Comemoramos com comida, confortamos com comida, relembramos momentos com comida. E isso é humano. A comida faz parte da nossa cultura, do nosso social e da nossa história. Comer também pode ter um papel emocional na nossa vida. O problema começa quando a única resposta para as emoções passa a ser a comida — e quando isso vem acompanhado de culpa, vergonha ou autocrítica.

Por que falamos tanto sobre isso? Porque muitas pessoas sofrem em silêncio. Se sentem fracas por “não conseguirem se controlar”, acreditam que precisam de mais força de vontade, quando na verdade precisam de acolhimento, consciência e ferramentas para lidar com as emoções de forma mais ampla.

Desvendar o comer emocional é olhar com gentileza para o que está por trás da vontade de comer. É perguntar: o que estou sentindo agora? o que realmente estou precisando? isso é fome física ou emocional?


O que muda quando entendemos isso? Muda a forma como nos relacionamos com o alimento e, principalmente, com a gente mesma. Muda o foco da culpa para o cuidado. Da rigidez para a escuta. Do controle para a conexão. Esse é o caminho que percorremos junta e é a proposta de todo o meu trabalho como nutricionista: transformar a relação com a comida, com empatia, leveza e sem terrorismo nutricional.

Se você sente que a comida tem ocupado um lugar de desconforto na sua vida, saiba que é possível ressignificar esse vínculo. Com conhecimento, carinho e presença, a alimentação pode voltar a ser fonte de prazer — e não de sofrimento.


Artigo produzido por:

Marcela Correa

Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo, com especialização em Nutrição Clínica pela FMUSP, e no tratamento de Doenças Crônicas pelo Einstein, com mais de 10 anos de prática clínica. Atende mulheres que já passaram por inúmeras tentativas de dieta, conviveram com culpa ao comer e se sentiram sozinhas tentando se cuidar em meio à tanta informação superficinal sobre alimentação. Seu trabalho é devolver autonomia, prazer e consciência alimentar — com um cuidado que une ciência, escuta ativa e um plano possível.

Os textos apresentados no "Blog B2Mamy" são de autoria da Comunidade. Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial e/ou a opinião da B2Mamy.

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