Paternidade e Carreira: por que quase não falamos sobre isso?

A cultura das empresas ainda afasta os homens do cuidado com os filhos.
Quando falamos sobre os desafios de conciliar trabalho e família, a maternidade está sempre no centro das conversas. Mas e a paternidade?
Há um silêncio em torno da paternidade ativa.
É como se o cuidado com os filhos fosse um dever natural das mães e, quase um extra, quando feito pelos pais.
Há um ano, eu estava grávida de oito meses. Na equipe onde eu trabalhava, três colegas homens também esperavam filhos. Perguntei a cada um deles se tiraria a licença-paternidade estendida, um benefício relativamente novo na empresa. Para minha surpresa, nenhum o faria.
As respostas variavam:
“Agora não é um bom momento para a empresa.”
“Acho que minha esposa vai preferir ficar com a mãe dela.”
Confesso que me chocou. Difícil ouvir isso quando, como mulher, a ausência é obrigatória. Eu tive a oportunidade de escolher ficar sete meses dedicada exclusivamente à maternidade, e foi maravilhoso. Foi um período desafiador, mas essencial para viver o início dessa nova versão de mim.
Fiquei pensando:
Será que, daqui a cinco anos, esses colegas vão se lembrar qual era o projeto urgente ou a entrega crítica que os impediu de viver esse tempo com seus filhos? Ou será que vão se arrepender de não terem estado mais presentes?
Mesmo quando existe o benefício, muitos homens ainda se sentem acuados em utilizá-lo. Há o medo de serem vistos como substituíveis, de virarem motivo de piada, de parecerem “menos comprometidos”.
Homens também deveriam reivindicar o direito de viver a paternidade.
Essa ausência (ou presença) muda tudo: no vínculo com o filho, na parceria com a mãe, na construção de uma nova rotina familiar.
E aqui está uma contradição que não podemos ignorar: enquanto a maioria dos pais sequer tem cinco dias garantidos por lei, os poucos privilegiados que têm acesso à licença estendida ainda se sentem pressionados a não usá-la.
O direito existe, mas o ambiente não acolhe.
É hora de ampliar esse debate. Porque não é só sobre os pais, mas sobre as famílias, sobre vínculos e sobre o futuro do trabalho.
Os textos apresentados no "Blog B2Mamy" são de autoria da Comunidade. Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial e/ou a opinião da B2Mamy.

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