A maternidade é uma experiência repleta de significados e transformações, mas também pode ser solitária, exaustiva e emocionalmente desafiadora. Para muitas mães, especialmente aquelas que conciliam trabalho, filhos, casamento, casa e, por vezes, os cuidados com outros familiares – como pais idosos- o autocuidado acaba sendo deixado de lado.
Estudos recentes têm reforçado o quanto a carga emocional e física da maternidade moderna afeta profundamente a qualidade de vida das mulheres. E embora as soluções não sejam simples, há caminhos possíveis — como o fortalecimento das conexões sociais e a prática de atividade física regular — que podem amenizar esse peso.
Burnout Materno: Uma Realidade Invisível
O Burnout Materno, também conhecido como "Mommy Burnout", é um estado de exaustão física, mental e emocional que afeta as mães devido à sobrecarga de responsabilidades e expectativas associadas à maternidade. De acordo com pesquisa realizada em 2024 pela B2Mamy e Kiddle Pass, 9 a cada 10 mães, apresenta algum sintoma de burnout. Apesar de ser uma condição amplamente vivida, ainda é pouco reconhecida socialmente e, muitas vezes, negligenciada até mesmo pelas próprias mulheres. Isso ocorre porque o papel materno está historicamente vinculado à idealização de que uma “boa mãe” deve estar sempre disponível, ser incansável, amorosa e plena em todos os aspectos — mesmo quando está doente, sobrecarregada e emocionalmente esgotada.
Essa idealização absurda torna o burnout materno um estado invisível, mascarado pelo sorriso constante, pela fala de que "está tudo bem" automático e pela crença de que sentir-se exausta faz "parte do pacote" da maternidade.
Solidão: Um Sentimento Silencioso e Compartilhado
A maternidade, embora repleta de momentos de alegria e realização, pode ser marcada por sentimentos de solidão e isolamento, especialmente por mulheres que enfrentam a jornada materna sem uma rede de apoio sólida.
Uma pesquisa realizada pela plataforma mineira Mommys revelou que 80,5% das mães passaram a se sentir mais sozinhas após a maternidade, sendo que 45,3% relataram sentir-se solitárias permanentemente. Além disso, 72,9% das participantes afirmaram que suas amizades mudaram após se tornarem mães, indicando uma possível perda de conexões sociais significativas (Matéria "O Tempo" - 15/05/2024)
A situação é ainda mais desafiadora para as mães solo, que representam uma parcela significativa das famílias brasileiras. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de domicílios chefiados por mães solo cresceu quase 18% entre 2012 e 2022, passando de 9,6 milhões para 11,3 milhões (Matéria de "Poder 360" 12/02/2024). Muitas dessas mulheres enfrentam não apenas a responsabilidade exclusiva pelos cuidados dos filhos, mas também desafios econômicos e a ausência de suporte emocional.
Como a Atividade Física em Grupo Pode Ser Parte da Solução
Diante desse cenário, a prática regular de atividade física, especialmente em ambientes de apoio social (mesmo online), surge como uma estratégia poderosa de cuidado. E não se trata apenas de estética ou condicionamento físico: a atividade física é um recurso de saúde mental, autoestima e conexão humana.
A atividade física está associada à redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, além de trazer muitos benefícios para a saúde mental e emocional. Ela pode ajudar você a:
- Ganhar confiança. Cumprir metas ou desafios de exercício, mesmo os pequenos, pode aumentar sua autoconfiança.
- Ter mais interação social. Exercícios e atividades físicas podem dar a você a chance de encontrar ou interagir com outras pessoas, especialmente quando praticados em grupos.
- Lidar de maneira saudável. Fazer algo positivo para lidar com a sua saúde física e mental é uma estratégia saudável.
Um dado interessante é que, mulheres que participaram de grupos online de exercícios durante a pandemia relataram maior motivação, senso de pertencimento e bem-estar emocional - todos fatores essenciais para mulheres que, muitas vezes, colocam suas próprias necessidades em segundo plano. (Fonte: Pubmed - The 'new normal' includes online prenatal exercise: exploring pregnant women's experiences during the pandemic and the role of virtual group fitness on maternal mental health )
Por Onde Começar se eu me sinto tão exausta?
Cuidar de si não é luxo — é uma necessidade. E mais do que isso, é uma forma de ensinar aos filhos sobre autocuidado, respeito próprio e saúde integral.
Se você é mãe e está se sentindo exausta, solitária ou sem tempo, saiba que você não está sozinha. Há outras mulheres passando pelas mesmas dores e buscando, como você, retomar o fôlego. Encontre seu ritmo. Busque pequenas pausas. Procure outras mães com quem se conectar. Busque ajuda profissional e comece aos poucos. O autocuidado não precisa ser mais uma cobrança — pode ser um gesto de carinho com você mesma.
