Eu sou uma dinossaura, já passei dos 40 e estou anos-luz de distância da geração dos millenials. Sempre que ouço notícias do tipo: "sete de cada dez crianças de hoje trabalharão num profissão que ainda nem existe" eu sinto arrepios na espinha. Penso logo na minha filha de 5 anos e como prepará-la para isso. Mas daí me dou conta de que não preciso chegar às crianças. Sou jornalista, me formei em 1995, quando ainda usávamos máquinas de escrever. De lá para cá, pouco mais de duas décadas, os computadores e smartphones revolucionaram a comunicação junto com a internet e minha profissão nunca mais foi a mesma. E quem parou no tempo e não enxergou ou soube aproveitar as mudanças em benefício próprio segue remando desesperadamente contra uma maré que, se ainda não o engoliu, logo vai engolir. Pois o jornalismo não foi - e nem será - a única profissão atingida.
Há algum tempo venho buscado caminhos para não deixar as tais escamas jurássicas me afundarem. Leio, estudo, fuço o que de novo tem sido feito e por onde posso seguir. Nesta busca, nos últimos meses ouvi em três palestras diferentes pessoas falando sobre o mundo VUCA. O termo não é novo, surgiu nos anos 90, mas está em alta. E o que raios é VUCA?
VUCA é um acrônimo (as iniciais) de Volatility, Uncertainty, Complexity and Ambiguity. Mas o que isso quer dizer exatamente? Que o mundo em que vivemos nunca foi tão:
VOLÁTIL: Esqueça estabilidade, porque o grande volume e a rapidez das mudanças colocam o inesperado o novo à nossa frente a todo instante. Como lidar com isso? Que caminhos seguir? São respostas difíceis, principalmente se o propósito e os objetivos não estiverem bem claros.
INCERTO: A quantidade de informação disponível é enorme, mas será que é eficiente? Será que ela de fato ela nos ajuda a entender para onde vai o futuro? O que vale hoje continua valendo amanhã?
COMPLEXO: A se conecta com B, que se conecta com C, e todos dependem de D. A conectividade e interdependência torna as relações e os negócios mais complexos, cheios de variáveis.
AMBÍGUO: O complexo traz com ele o ambíguo. As verdades deixam de ser absolutas, ganham diferentes versões, ângulos.
Uma coisa que achei muito bacana entre tudo o que ouvi sobre VUCA foi que de fato algumas respostas sobre o momento em que vivemos são difíceis, mas podemos listar algumas capacidades fundamentais para quem não quer afundar ou ficar para trás. Em um mundo altamente disruptivo e cheio de inovação, precisamos de:
Resiliência, agilidade e capacidade de nos adaptar, principalmente se pensarmos na volatilidade.
Flexibilidade e visão analítica (estudar as situações/mercados/contextos).
Coragem, não sentir medo de experimentar, mesmo sabendo que há chances de errar; estar aberto a mais de uma interpretação e possibilidade.
Descentralizar, ou seja, não achar que o conhecimento e controle de tudo está em um lugar (ou pessoa) apenas. A complexidade exige cooperar, delegar, confiar e criar parcerias.
E aí? Você já pode dizer "pode vir, VUCA, que estou fervendo"? Se não, corra! Porque, neste mundo, quem fica parada afunda!
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