Quem já não ouviu dizer que as relações de trabalho vão mudar bastante nos próximos anos ou até que 2/3 das profissões vão desaparecer ou que não vai mais existir emprego? Antes de falar do futuro, gostaria de compartilhar a minha experiência em diferentes tipos de jornadas de trabalho, durante etapas da minha vida.
Eu comecei a carreira no mundo corporativo em jornada tradicional e nela fiquei por 20 anos, em grandes empresas. Esta jornada foi extremamente importante para eu concretizar alguns sonhos da minha vida – estudei, fiz MBA, viajei, casei, comprei apartamento e me tornei mãe. Além disso, passei por diversas áreas e conheci muitas pessoas, importantes até hoje. Fui muito feliz! Para quem gosta de estrutura, rotina e que prefere não correr tantos riscos, é a melhor opção.
No primeiro semestre de 2017, fiz um mergulho no mundo das strartups, com vários almoços, cafés, palestras, cursos no Campus São Paulo e Cubo. Sempre quis ter a minha empresa, mas não sabia se era o melhor momento. Será que existe o melhor momento? Uma das minhas sócias teve uma ideia e fizemos um piloto para validar no segundo semestre. Em dezembro, abrimos nossa empresa e comecei uma jornada empreendedora.
Com toda minha experiência em grandes empresas, pensei que seria fácil abrir a minha, e me preparei para essa transição. Vi que não era tão fácil assim. Há vários desafios quando não se tem a estrutura de uma empresa grande. É preciso revisar contratos, cuidar de redes sociais, desenvolver briefings, e por aí vai. Não existe setor jurídico, TI, marketing, etc. E você precisa resolver tudo! Para essa empreitada, são necessários comportamentos essenciais, como persistência, comprometimento, planejamento, autoconfiança, busca de oportunidade e — talvez o mais importante — topar correr risco. Além disso, é importante buscar redes e parcerias para compartilhar e ter contatos, criar um networking – como a aceleradora B2Mamy, a rede héstia, co.madre, elas_in tech, exponential, programa SP Stars e nos nossos parceiros Serh1, Demaio&villela entre outros.
Foi empreendendo que experimentei a Jornada Flexível, que fez todo sentido para mim, já que estava no início de uma empresa e precisava de flexibilidade para integrar os diferentes papeis da minha vida pessoal e profissional. Esse tipo de jornada é comum em empresas ou startups com orçamento reduzido, que buscam profissionais experientes para determinada área e/ou projeto, mas não em tempo integral. Para quem também acha que a jornada flexível é a saída ideal, deixo aqui alguns pontos que devem ser observados nesse tipo de contrato.
Para a empresa é fundamental deixar os combinados claros, ou seja, expor de forma objetiva as expectativas, os indicadores e as metas para serem entregues. Para o profissional, é imprescindível ter planejamento, disciplina, organização, comprometimento e foco. Lembra um pouco a jornada empreendedora, pois nas duas temos flexibilidade e comprometimento. Independentemente de qual é a sua jornada atual, o mais importante é avaliar seu momento de vida e optar por aquela que se encaixa melhor à sua rotina. Não tem o certo ou errado, você pode escolher em qual vai investir seu tempo e recurso.
Além disso, caso decida mudar de jornada, prepare-se antes e planeje com a família como será a sua transição. Desejo que, seja sua escolha qual for, ela seja divertida, cheia de aprendizados e, acima de tudo, muito feliz.
*Manuela Brandão Borges é casada, mãe do Matheus (com ela na foto), administradora, trabalhou em grandes empresas como Ticket, Rede e Dupont. Em 2017, fundou junto com duas sócias a Be Flexy, um marketplace que conecta mulheres e empresas com jornadas flexíveis. Ela acredita que é possível integrar a vida profissional e pessoal através da flexibilidade no trabalho. Com as mudanças na reforma trabalhista e as novas tendências tanto em tecnologia como na relação entre o indivíduo e o emprego, as jornadas flexíveis estarão
cada vez mais presentes.
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