Durante toda a nossa gestação, desde o primeiro teste positivo, começamos a materializar a chegada do nosso bebê. Compramos as roupinhas, o berço, pintamos as paredes, mais tarde começamos a lavar as roupinhas, arrumamos a bolsa da maternidade.
Muitas vezes a poltrona de amamentação entra na lista de compras com a mesma velocidade que o kit mamadeira e as chupetas também. De um tempo para cá vem acontecendo um movimento de resgate das nossas decisões relacionadas ao parto. Muitas mulheres buscam equipes humanizadas e estudam durante a gestação toda sobre como acontece o trabalho de parto e como respeitar o tempo de nascimento do bebê, para que não caiam em cesáreas desnecessárias, violências obstétricas e sejam respeitadas e acolhidas. O foco fica no parto e acabamos esquecendo que a primeira coisa que acontece quando o bebê sai da barriga é vir para o seio da mãe. E a partir desse momento, o foco se concentra em saber se o nosso bebê estará bem alimentado.
O leite primeiro nasce na cabeça porque para amamentar é preciso confiança e conhecimento. Amamentar, em imensa parte dos casos é muitos mais sobre hormônios, emoção e apoio, do que sobre tamanho de peito e formato de mamilo.
É importante saber desde a gestação que nos primeiros dias de vida o leite não vai descer e sair em jatos, mas sim sair em gotinhas. Esse é o famoso colostro, que nem sempre é amarelo, que chega na quantidade certa e é exatamente o que o seu bebê está pronto e precisa receber.
Importante também se reconectar com o que há de mais natural e profundo no processo de amamentação: observar o seu bebê, se conectar verdadeiramente, aprender a identificar os sinais que ele dá de fome, saciedade, sono. Quanto mais apetrechos, relógios, planilhas, aplicativos, ou seja, quanto mais interferência externa mais difícil se torna para que o leite flua. Lembra que eu disse lá no começo? Amamentar é muito mais emoção e conexão. Muito menos raciocínio. Amamentar não é instintivo como a gente espera.
Por isso, buscar muita informação de qualidade ainda durante a gestação vai te permitir viver a amamentação de forma mais leve. Amamentar é aprendizado. A cada mamada aprendemos um pouquinho mais e o nosso bebê também. Busque uma Consultora de Amamentação ainda durante a sua gestação. Conheça o pediatra antes do nascimento e cheque se é pró-amamentação. Aprenda sobre os comportamentos esperados de um bebê, entenda desde já que toda vez que o bebê chora não quer dizer que ele está com fome. Que o seu leite é perfeito na composição e que não existe nenhum substituto melhor do que ele. Aprenda sobre o comportamento normal de sono de um bebê. Informe-se sobre bicos artificiais, entenda que eles podem atrapalhar (e muito!) a amamentação e economize bastante na hora de fazer o enxoval com esse conhecimento. Em termos de “o que comprar para amamentar?”, saiba que menos é muito mais. Para amamentar, também precisamos ser cuidadas. Desde a gestação já comece a pensar em quem pode cozinhar para você e tenha sempre umas marmitinhas prontas no freezer. Aquela amiga ou prima que pode vir te visitar e ficar com seu bebê enquanto você lava os cabelos.
O companheiro ou companheira que pode programar as férias para o pós-parto e garantir mais de um mês de companhia 24h. A mãe ou sogra que podem vir dar um colinho para o bebê enquanto você faz uma soneca gostosa. Ou colo para você também. E se eu puder finalizar, resumindo como se preparar para amamentar, eu diria para você se cercar de pessoas que acreditem que amamentar é possível e que somos todas capazes. Toda mãe merece ser apoiada, encorajada e
cuidada para amamentar.
Informação é poder.
Empodere-se e boa amamentação.
Educadora Parental em Sono e Amamentação com ênfase em Apego Seguro.
Mãe e Madrasta de 3 seres lindos, fisioterapeuta intensivista de formação e educadora parental desde quando mergulhei na minha maternidade.
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