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Reflexões sobre a Polêmica da Cartilha de Estilo do Banco “X”

Atualizado: 1 de set. de 2023

Escrito por Ana Paula Nunes

Foto: base de imagens Canva


Recentemente apareceu na mídia a polêmica envolvendo um banco e uma Cartilha de Estilo criada com o objetivo de regulamentar o dress code da empresa.


Antes de entrar propriamente no assunto em questão precisamos lembrar que a vida em sociedade necessita de regras, caso contrário, viveríamos o caos e a barbárie. Essas podem ser formais (leis, regulamentos, estatutos) ou informais (moral, ética e bons costumes) sendo construídas e alteradas acompanhando a nossa trajetória e evolução. São pactos que fazemos para tornar o nosso convívio harmônico e nos acompanham desde a infância - no lar, na escola, até mesmo nas brincadeiras, etc.


Com a globalização e a chegada das redes sociais as transformações e alterações de alguns valores e formas de convívio estão acontecendo numa velocidade muito maior do que nas gerações anteriores, em que nossos debates e questionamentos ficavam restritos a pequenos grupos isolados e não tinham o poder viral das mídias sociais. Hoje um mesmo assunto pode ser debatido entre milhares de pessoas de diferentes lugares, classes sociais e bagagem cultural, simultaneamente, cada indivíduo com sua verdade e contexto.


Desta forma, se a nossa intenção for adotar alguma regra para padronizar comportamentos, tarefas, etc., precisamos buscar um equilíbrio entre o que desejamos e o que é possível e viável, considerando os novos arranjos que estamos vendo na sociedade atual.


Analisando o caso em questão, de uma forma bem resumida, pois seria impossível abordar todas as variáveis e técnicas, vamos colocar nosso foco na comunicação, tanto na área da moda quanto no marketing.


| Há pelo menos dois problemas que envolvem ambas as partes e que chamaram atenção:


1) Uma inadequação da linguagem utilizada no material de consultoria, pois há uma desconexão entre a linguagem usada no material, o público, a persona da marca e os princípios de uma boa comunicação. Aqui surge a dúvida se houve uma interação entre as duas áreas, na criação do material, dado que as expressões usadas não são comuns de serem utilizadas no meio, nem constam na literatura disponível de consultoria.


Em tempos de humanização da imagem visual em redes sociais, é necessário olhar para a humanização da comunicação com os colaboradores, tendo o cuidado de não ferir a dignidade ou causar humilhação. Aqui entram algumas questões importantes a considerar: jovens X códigos de vestimentas, valores e imagem do colaborador X valores e imagem da empresa, conflito de gerações, respeito à identidade, entre outros.


Pode ser, por exemplo, que a troca de uma capa de um celular não seja uma prioridade e que outras necessidades estejam à frente como os custos de alimentação, transporte, família, qualificação, saúde, etc.


Outro exemplo seria as unhas decoradas - estas uma forte característica da geração Z, independente de classe social, pois mesmo grandes influenciadoras já postaram imagens e certamente foram copiadas por muitos jovens e isso está ligado à identificação, afirmação e estilo.


Só relembrando: os jovens nos anos 50 com a t-shirt branca e toda a polêmica que ela causou, sendo que hoje a mesma é praticamente uma regra no guarda roupa feminino e masculino. Desta forma, a consultora deve ter um olhar amplo para não correr o risco de criar um material desatualizado e ofensivo.


2) O segundo, no nosso entendimento, uma deficiência na comunicação interna e posterior vazamento levaram o que era para ser uma atualização a uma crise de imagem, que em alguns casos poderia ter conseqüências como a perda de clientes, não captação de novos ou, ainda, na queda no valor das ações.


Já na comunicação externa, nem sempre só uma nota com um pedido de desculpas é o suficiente se levarmos em consideração a velocidade com que notícias negativas circulam.


Ok, mas quais ações tomar para reduzir o impacto negativo? Quando há um abalo na imagem, além de assumir o erro, é preciso comprovar a disposição em corrigir.


Neste caso, vamos pensar em algumas práticas e sugestões que poderiam reverter possíveis danos, entre elas, uma parceria com uma rede de lojistas para oferecer descontos aos colaboradores, chamar uma consultora qualificada para orientar sobre dress code, parcerias com operadoras, etc. Mostrar que se importa – isso é ter responsabilidade social, colocando em prática o que normalmente é descrito nos valores da organização.


Assim, consultoria de imagem para mundo corporativo não é um “copia e cola”, nem simplesmente montagem de looks. Ela exige muita dedicação profissional e, não raro, uma bagagem oriunda de outras esferas do conhecimento. É necessário que haja uma integração e adequação na linguagem e comunicação para que o objetivo seja alcançado, seja ele pessoal ou profissional. A consultoria ideal não dita regras, usa de técnicas diversas para criar um ambiente de negociação e intermediação, para que, de forma tranqüila, o novo seja recebido de forma satisfatória para ambas as partes.



Texto escrito por Ana Paula Nunes, conteudista da B2Mamy, Produtora de Moda, Consultora de Imagem, trabalha com moda desde 2016, atua na criação de desenho técnico digital e suporte no desenvolvimento de coleções, participa como Assistente na Produção de Moda dos desfiles no Circuito Fashion Day do Sebrae e CDL da região norte do estado, também empreende com brechó.


 

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